Pour réveiller
Novo Ano, um dígito no lugar de outro. Somente. Somente aqui, como incontáveis madrugadas. Anda, resume tudo para que eu acredite. Tudo é o círculo, sem fim nem começo, nada mais que vertigem. Infinitamente fracionados, segundos quebram e colam, as horas trocam-se umas por outras, as mesmas pelas mesmas. Morrer e nascer num mesmo suspiro, ir e voltar em um mesmo momento, perder e ganhar se equivalem. As curvas se encontram, se olham, nos confundem, quem foi, quem ficou. Volta acaba recomeça acaba. E no entanto, o amor: não há contrapartida, contrário, espelho. Não tomba e levanta, não passa e volta. O amor? Não disseram? Esse engana os giros. Tudo fica. O círculo não fecha. Novo ano, um dígito no lugar de outro.