palavra pra que te quero

Thursday, January 09, 2014

Pour réveiller

Novo Ano, um dígito no lugar de outro. Somente. Somente aqui, como incontáveis madrugadas. Anda, resume tudo para que eu acredite. Tudo é o círculo, sem fim nem começo, nada mais que vertigem. Infinitamente fracionados, segundos quebram e colam, as horas trocam-se umas por outras, as mesmas pelas mesmas. Morrer e nascer num mesmo suspiro, ir e voltar em um mesmo momento, perder e ganhar se equivalem. As curvas se encontram, se olham, nos confundem, quem foi, quem ficou. Volta acaba recomeça acaba. E no entanto, o amor: não há contrapartida, contrário, espelho. Não tomba e levanta, não passa e volta. O amor? Não disseram? Esse engana os giros. Tudo fica. O círculo não fecha. Novo ano, um dígito no lugar de outro.

Thursday, January 24, 2013

We never had Paris

Paris, Paris. Um coração de lá não retornou e vaga etéreo pela rue saint André des arts. Década feita e o coração permanece lá. A moça floresceu no início daquele outono? Stembro. Ainda paira a dúvida. Outono de douradas folhas secas. Adornam o ar, fazem leitos pelo solo. A moça não floresceu, mas desfolhou tal qual outono. O encantador melancólico outono. Paris seria outono para ela. A moça retorna, dá a face a dez outros outonos. Sem coração, sem pátria, sem leito de amarelas folhas. Um corpo através do tempo, um tempo cravado no corpo. E o velho coração naquela cidade. Tantos anos e a viagem era a o presente de despedida perfeito. Ela nunca soube. Mas disse adeus, sim,adeus ao velho coração de primavera e flores que não conheceu. Que fique lá, não importa mais. O peito oco já não reclama. Despeça -se dela, portanto. Não leve mais dez anos. Diga adeus e vá embora, que o coração está longe, nunca voltou. Não importa mais nada. Diga adeus e vá embora.

Tuesday, August 21, 2012

My inside Wedding

My inside Wedding Dream, little girl, dream in your bubble cradle. Wed your myth wedding ´cause soon these red roses, bleeding from your stomach , right to your heart, will turn it into a cold white bed. Sing, little girl, sing: Wish to sleep, wish to die. My soft childhood blanket, and never cry.

Monday, April 30, 2012

Frank & Sylvia II- o outro lado

A vida não é assim. O que acontece é que Sylvia cai, do alto das suas nuvens pesadas, diante dos olhos de Frank. Asas de anjo quebram vez por outra. O fato é que Frank não vê Sylvia nos olhos de Sylvia. Frank vê a si mesmo em seus muitos anos atrás diante da queda de um outro anjo. Pudera ser Sylvia. Encantam-lhe os gestos, os olhos, a pele. Frank cai pela própria memória, eis o encantamento maior. Ampara Sylvia na queda pelo tempo que durou o deleite dessa reminiscência. Pelo tempo que durou o deleite de Sylvia com o que ela nem sabe ainda, mas é bom ser amparada em quedas bruscas. Frank estava lá. Passa o momento e Frank decide, porque decisões precisam ser tomadas. Devolve Sylvia à sua queda livre. Sylvia é livre, embora quisesse colar-se ao que Frank nela viu, que não era ela nem um pouco. É provável que Sylvia não vê Frank nos olhos de Frank. Ela não sabe. As ideias estão confusas pela queda. O que quer que a tenha resgatado naqueles olhos, já embaçados pela idade, brilham dentro dela. Ainda. Lampejos que passeiam pelos 28 anos que os separam, os unem, os reparam. Até quando, Sylvia não sabe. Mas voltará àquele bar. Até que termine a queda, agora um pouco mais suave. Assim ela supõe.

Sunday, April 22, 2012

Frank & Sylvia

Insidiosa, gata independente como se queria crer, Sylvia surge.Frank olha, Frank calcula, sem usar medidas além dos olhos atentos nos olhos perdidos de Sylvia. O cenário está repleto de tantas outras, mas Sylvia lá está, com sua fragilidade curiosa. E Frank não fica indiferente. Podiam, sim, podiam ter pertencido à mesma época. Sylvia, pobre Sylvia, sofre de um deslocamento temporal, o que quer sutilmente dizer que não achou nem seu lugar, nem seu tempo, nem sua casa. Mas está no mundo. E os 28 anos que separam Frank de Sylvia são só circunstanciais. Assim queriam que fosse. Sylvia, tão mais nova, se sente assim, perdida na própria juventude que ainda lhe resta. Dizem que é um presente, embora nem sempre ela sinta isso. Nasceu meio velha, como costuma dizer. E Frank ri. Viveu muito bem a própria vida. E não quer ensinar nada a Sylvia, que ouve e percorre tudo como se pudesse se apropriar das histórias de Frank. Frank ainda quer lampejos de primavera, apesar de engastes da idade e tudo mais que não importa, mas aparece na vida, quando a vida avança. Frank vê lampejos dessa tal primavera nos olhos curiosos de Sylvia, curiosa de Frank. Um quer o tempo do outro, mas ambos, juntos, formam um tempo só: o tempo de Frank e Sylvia. E Sylvia nada quer, além de emprestar a Frank a graça, um brilho de coisa fresca, se é assim ele vê. E a companhia fica doce, leve, cada momento um encanto a mais. Não há tempo que os separe. Mas a vida não é assim.

Thursday, December 08, 2011

A menina e a morte
O pontinho é o passado
O passado é viva flor
Cabe no pontinho
Num pontinho dos olhos de viva flor da menina.
Ai de quem acende a luz
Estremece o pontinho do olho da menina
Treme o pontinho de viva flor
Parado no passado.
Cai pétala a pétala
E morre a flor da menina dos olhos.
Ai de quem acende a luz.

Thursday, August 04, 2011


Questão
Anjo negro, por que não me leva daqui? Por que não basta então?. Por que me repele como companheira de percurso? Sob suas asas os males de agora esmaeceriam ante ao desconhecido a que me conduzirias. Por que não?